segunda-feira, 28 de setembro de 2009

A estrela que falta

Em um time de futebol não é a estrela estampada na camisa que faz a diferença em campo


*Texto Publicado no Jornal Dia@Dia em Setembro de 2009.


Neste fim de semana, depois da “rodada verde” na qual o Palmeiras se isolou na liderança do Brasileirão, estava conversando com um amigo sobre os escudos dos principais clubes de São Paulo. Sem entrar no mérito sobre qual seria mais bonito ou coisas do gênero, preferimos nos atentar a detalhes que às vezes passam despercebidos.


Aquela bola no símbolo do Santos, por exemplo, está longe de parecer uma bola de futebol. Apesar de ser conhecido como o alvinegro da capital, é o vermelho que mais se destaca no escudo do Corinthians. E por fim, ao contrário dos rivais, a camisa do Palmeiras é a única que não ostenta estrelas sobre o escudo do time. E porque será?

Muitos atribuem isso às raízes italianas que o clube carrega que desde os tempos do Palestra Itália. Para se ter uma idéia, lá na terra da bota, para um clube poder ostentar uma estrela na camisa é preciso ter conquistado no mínimo 10 campeonatos italianos ou “scudettos” como é conhecido.

Por isso, Internazionale e Milan, embora times tradicionais e vencedores, apareçam com apenas uma estrela cada, apenas a Juventus que detém 27 títulos possui duas estrelas em seu uniforme.

No Brasil, porém, não é assim que funciona. Não há regulamentação, e cada time pode “inventar” um motivo para lançar uma estrela na camisa, o que de certa forma acaba banalizando algo que deveria ser um orgulho.

Felizmente este não é o único significado atribuído às estrelas por aqui. Quando uma pessoa é muito competente no que faz, tem o respeito dos adversários e, além disso, tem muita sorte, é comum ser rotulado como “um cara de estrela”.

E em um time, não é a estrela bordada no peito que faz a diferença em campo. Muitas vezes essa estrela pode estar do lado de fora, mas bem pertinho dos jogadores, no banco de reservas. E isto o Palmeiras tem: Muricy Ramalho.


Talvez seja esta a estrela que faltava no Parque Antártica.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

U1000D


Ser humilde é bem diferente de ser subserviente


* Texto Publicado no Jornal Dia@Dia em Setembro/2009.


Você é humilde?

O
k, eu sei que é difícil responder sem se despojar de vaidades, status ou o próprio orgulho em ser autêntico. Mas quem disse que ser humilde significa ter baixa auto-estima? Parece que alguns significados se perderam no caminho...

É comum, hoje em dia, ouvir dizer que fulano é uma pessoa humilde. Geralmente, a palavra “humildade” é usada como sinônimo de pobreza. Um eufemismo que embora seja compreensível socialmente, por outro lado acaba distorcendo seu verdadeiro significado.

Humildade vem do latim húmus, que significa “filhos da terra” ou ainda “terra fértil”. Oras, se viemos do solo, estamos todos no mesmo nível, ninguém é mais digno, melhor ou pior que outro, pois acima de tudo, somos todos humanos. E humanos férteis na emoção, nos sentimentos.

Sentimentos que nos tornam ainda mais próximos, a ponto de fazer com que nos coloquemos na pele do outro, sentimos suas dores, vivenciamos suas alegrias.

Mas veja, ser humilde é diferente de ser subserviente! A pessoa subserviente se dobra frente qualquer coisa, já a pessoa humilde, ao contrário, alegra-se, compadece-se, compartilha com o próximo suas emoções. Embora não pareça, há muita, mas muita diferença entre as duas opções.


No outro extremo, qualquer coisa acima disso, se torna arrogância, soberba. Se achar o máximo é como celebrar a beleza ao espelho. Satisfaz a si próprio, mais ninguém, como uma celebração egoísta. No mais, apenas afasta os outros. E aquela pessoa antes tão fértil em amizades, no fim, apodrece, seca, definha. Morre sozinha.

Aliás, a humildade, na verdade, é uma coisa estranha: No momento em que pensamos que a temos, já é tarde. Acabamos de perdê-la.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Lembranças de Um Amor Impossível




*Texto Publicado no Jornal Dia@Dia em Setembro/2009.



Eu me lembro bem,
como se fosse amanhã
O beijo era doce,
suave e quente
Como a brisa leve em uma tarde vã

Sabia muito bem o que fazia
conhecia os limites do meu coração
Mas foi numa madrugada fria
em que eu cai de joelhos
diante da constatação

Uma vez juramos às estrelas:
Assim como elas, nosso amor seria infinito
Esqueci-me porém que,
de tão distantes, não posso tê-las
Este foi meu erro. Juramento maldito.

Perdido em sentimentos,
mal sabia onde estava
Com a cabeça longe,
no peito o coração angustiava.

Tão perto e tão longe
Tão simples mas tão difícil
Marcas de um amor inesgotável
Tão bom, perfeito, divino...
Mas sobretudo, um amor impossível.


segunda-feira, 14 de setembro de 2009

O futebol e a mística


O futebol e seus encantos (e muita superstição)


* Texto Publicado no Jornal Dia@Dia em Setembro/2009.


Todo mundo sabe que o futebol é cercado de mística, crenças, folclore e muita, muita história. Para os supersticiosos então, é um banquete!

Há aqueles que se apegam a dados históricos, confrontos diretos e tabus. Outros, fazem questão de usar aquela camisa da sorte.

Desbotada, é verdade, com gola esgarçada e furos nas mangas, mas que em cada jogo importante, lá está ela, firme e forte.

É claro que existem variações de peças/amuleto: pode ser meia, boné, cueca... aí vai do gosto do freguês. Opa, freguês, não! Quando a camisa da sorte entra em campo é vitória na certa, deixa a freguesia para o adversário.

Existem também os religiosos, como esquecer deles? Aliás, como os jogadores se benzem, não é? Chega a ser engraçado reparar nos mais apressados, que fazem um verdadeiro círculo entre a cabeça e o umbigo, tamanha ânsia em completar a “cruz” ao pisar no gramado.

Com os torcedores não é diferente. Com freqüência são vistos imagens de santos e terços nos estádios, sem contar as orações feitas antes da cobrança de um pênalti ou uma falta perigosa.

Deus deve ficar confuso ao receber tantos pedidos em comum no mesmo lance, tanto para a bola entrar como para sair. Tem mesmo que ter uma paciência divina!

Ahh, e tem ainda as mandingas! Ih, mas isso é um caso à parte, não é mesmo? O próprio futebol se encarregou de criar uma máxima para esse tipo de torcida: “se macumba ganhasse jogo, campeonato baiano terminava sempre empatado”.

Bom, por via das dúvidas, continuo levando no bolso meu trevo de quatro folhas.


quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Are Baba? Ara Seja!


Em um país tão rico culturalmente, a tv insiste em "importar" novas expressões.


*Texto Publicado no Jornal Dia@Dia em Setembro/2009.


Em um país de proporção continental como o Brasil é comum se deparar com gírias e dialetos regionais que nos deixam perdidos em seus significados.


Quantos gaúchos já passaram aperto ao chegar em São Paulo e, na hora de ir à padaria comprar um pãozinho, se deparar com a cara de espanto do padeiro ao pedir à ele um “cacetinho” bem moreninho?

Este é apenas um dos inúmeros exemplos que poderia citar aqui. O problema é que, não satisfeitos com a enorme fartura de gírias regionais os brasileiros ainda se preocupam em “importar” expressões estrangeiras. Um absurdo!

Are Baba! Desafio um leitor que não tenha ouvido um vizinho, parente ou colega soltar uma expressão típica da novela das oito. Pôxa vida, essas palavras indianas já estão quase absorvidas pelo vocabulário popular, tamanho poder de penetração da tv em nossa sociedade.

O mais interessante, porém, é que isto não é novidade. Aliás, bordões, chavões e frases de efeito são constantemente utilizados como ferramentas de memorização instantânea.

Desta forma os personagens da tv ficam vivos na memória dos espectadores, como companheiros no dia a dia e, volta e meia, quase sem querer, estamos lá repetindo (ou remedando, como dizem no interior) a frase de algum personagem. A estratégia é velha, mas funciona. E muito bem.


Uma pena, porém, é ter que buscar lá fora essas gírias e novos termos. Mesmo num país tão rico em expressões populares.

Lembro-me com saudades do tempo em que eu fazia um esforço tremendo para entender quando minha avó me chamava de “moleque ladino”, mandava “campear” algo que estava perdido, ou simplesmente soltava um penoso “ara seja” quando se compadecia de mim.

Mesmo sem saber ao certo cada significado, eu entendia de qualquer forma. Talvez o motivo seja o fato de que tudo isso está implícito em nosso sangue. Não é nada importado. Soa natural.

Mas, se este é o preço da globalização, fazer o quê? “Ara seja”!

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Brasil, o Melhor da América!

Um fim de semana histórico para a Seleção Brasileira


* Texto Publicado no Jornal Dia@Dia em Setembro/2009.


Este foi um final de semana histórico para o Brasil. A seleção brasileira se tornou a melhor do continente. Foi um jogo duro, sofrido, mas que só serviu para valorizar ainda mais a vitória verde e amarela.

O jogo foi na casa do adversário, arena lotada, milhares de pessoas empurrando o time. Entretanto, logo no início, o Brasil não se intimida, mostra à que veio e abre vantagem. Seguro na defesa, não dá chances ao time da casa. No ataque, é fatal. E assim, vai para o intervalo com um placar bastante favorável.

Depois da metade da partida, porém, o jogo fica equilibrado. E no embalo da torcida o adversário cresce, chega a encostar no placar. Joga melhor e, por isso, dá pinta de que pode virar um jogo que se tornaria histórico.

Mas este jogo, por si só, já é histórico. Depois do “apagão” o Brasil acorda, volta a dominar a partida, envolve a seleção de Porto Rico e vence de maneira dramática, por apenas um ponto de diferença, no último segundo!

Ah, me desculpe, leitor fã de esporte. Esqueci de mencionar que desta vez não escrevo sobre futebol, e sim, nossa Seleção de Basquete que acaba de vencer a Copa América. Aliás, diga-se, com uma campanha brilhante!

Depois de três anos de fracassos constantes em torneios importantes como mundial e pré-olímpico (que nos tirou dos jogos de Pequim), o Brasil volta a vencer e convencer.

Tal como o fabuloso time de Dunga, a seleção de Moncho Monsalve também era vista com desconfiança pela imprensa e torcida. Numa feliz coincidência, porém, ambas demonstraram no mesmo final de semana do que são capazes:

De jogar bem, fazer história e serem vencedores.

sábado, 5 de setembro de 2009

Café da Manhã, Sol e Música


Quando acordamos o sol já está lá nos esperando amanhecer...


* Texto Publicado
no Jornal Dia@Dia em Setembro/2009.



“Lá vem o sol, tchu ru ru ru”. Assim diz a canção de Lulu Santos. Que beleza, finalmente podemos deixar os casacos de volta no armário e encontrar um céu azul ao levantar. Inspirador, esse clima nos deixa mais preparados para enfrentar os obstáculos do dia a dia. São os primeiros sinais de que a primavera está chegando.


Na verdade, isto parece mais uma cena típica de comerciais de cereais e outros produtos matinais. Quem tem mais de 25 anos deve se lembrar daquela propaganda de margarina que deixou ainda mais famosa essa versão brasileira da música “Here Comes The Sun” dos Beatles.


Uma curiosidade é que a letra e música são de George Harrison. Embora a faixa esteja incluída no álbum Abbey Road, de 1969, John Lennon não participou da gravação da música, pois se recuperava de um acidente de carro.


Agora, deixando Lulu e os Beatles apenas como trilha sonora das próximas manhãs, vamos nos levantar e trabalhar. Pois assim que acordamos, tanto o sol como nossas obrigações já estão lá, nos esperando, mesmo que nossos olhos ainda não estejam totalmente abertos.


São apenas dois motivos para estarmos vivos.