Em um país tão rico culturalmente, a tv insiste em "importar" novas expressões.
*Texto Publicado no Jornal Dia@Dia em Setembro/2009.
Em um país de proporção continental como o Brasil é comum se deparar com gírias e dialetos regionais que nos deixam perdidos em seus significados.
Quantos gaúchos já passaram aperto ao chegar
Este é apenas um dos inúmeros exemplos que poderia citar aqui. O problema é que, não satisfeitos com a enorme fartura de gírias regionais os brasileiros ainda se preocupam em “importar” expressões estrangeiras. Um absurdo!
Are Baba! Desafio um leitor que não tenha ouvido um vizinho, parente ou colega soltar uma expressão típica da novela das oito. Pôxa vida, essas palavras indianas já estão quase absorvidas pelo vocabulário popular, tamanho poder de penetração da tv em nossa sociedade.
O mais interessante, porém, é que isto não é novidade. Aliás, bordões, chavões e frases de efeito são constantemente utilizados como ferramentas de memorização instantânea.
Desta forma os personagens da tv ficam vivos na memória dos espectadores, como companheiros no dia a dia e, volta e meia, quase sem querer, estamos lá repetindo (ou remedando, como dizem no interior) a frase de algum personagem. A estratégia é velha, mas funciona. E muito bem.
Uma pena, porém, é ter que buscar lá fora essas gírias e novos termos. Mesmo num país tão rico em expressões populares.
Lembro-me com saudades do tempo em que eu fazia um esforço tremendo para entender quando minha avó me chamava de “moleque ladino”, mandava “campear” algo que estava perdido, ou simplesmente soltava um penoso “ara seja” quando se compadecia de mim.
Mesmo sem saber ao certo cada significado, eu entendia de qualquer forma. Talvez o motivo seja o fato de que tudo isso está implícito em nosso sangue. Não é nada importado. Soa natural.
Mas, se este é o preço da globalização, fazer o quê? “Ara seja”!
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