"Arrume a bagunça de seu quarto antes de sair para brincar na rua"
Certas coisas que aprendemos na vida não são ensinadas em colégios, faculdades, e tampouco são encontradas nas pesquisas de internet. São aprendizados que adquirimos durante a vida, sobretudo na infância.
Quando eu era pequeno, me lembro muito bem quando ouvia uma bronca da minha mãe: “antes de sair para brincar na rua, arrume primeiro a bagunça em seu quarto!” - dizia ela.
Trocando em miúdos, seria algo como aquele ditado: “primeiro a obrigação, depois a diversão”, mas há ainda algo mais profundo nesse misto de bronca com ensinamento maternal. Algo que os homens deveriam levar para o resto da vida, especialmente no âmbito profissional, onde fará toda a diferença.
Arrumar seu quarto antes de sair brincar na rua equivale a um funcionário terminar seu trabalho antes de sair para o happy hour; um dentista manter sua higiene bucal perfeita antes de atender seus clientes; um guarda rodoviário respeitar as leis de trânsito quando dirigir seu carro particular; um prefeito corrigir os problemas de sua cidade antes de fazer festa para turistas ou o Presidente da República investir os recursos do Tesouro Nacional no próprio país em vez de fazer marketing internacional, perdoando dívidas e fazendo doações milionárias.
Em suma, precisamos dar o exemplo, antes de tudo. Não que eu seja contra a diversão, às festas populares ou então, contra à solidariedade ao povos que sofrem com tragédias naturais ou políticas ditatoriais. Não é isso.
Ocorre que tenho a opinião formada de que, antes de mostrar aos outros o que eu tenho ou o que eu sei fazer, preciso ter feito a “lição de casa” primeiro. Foi assim que minha mãe me ensinou e acho que as outras mães também deveriam ter ensinado o mesmo.
Será que só eu penso assim? Confesso que eu nunca fui um exemplo de criança, mas ainda guardo comigo essa regra de antes de sair por aí, eu tenha cumprido com minhas obrigações.
Sendo assim, antes do nosso Presidente Lula enviar milhões para o Haiti, porque ele não investiu tudo em seu próprio país? Só para citar um exemplo, por que não mandou ajuda para as vítimas dos desastres naturais que aconteceram recentemente, em vários locais do país? Ou melhor, por quê não investiu em infra-estrutura para evitar ou ao menos amenizar os danos?
Novamente repito: não sou contra a solidariedade com aquele povo sofrido do Caribe (que aliás já recebia ajuda do Brasil, sendo o exército brasileiro líder das ações da ONU naquela região) mas penso que também temos um povo por sofrido aqui, mas que está esquecido, longe da luz dos holofotes e câmeras de TV. No sertão, na periferia, em qualquer lugar. E por isso, merecia mais atenção do governo antes de voltar os olhos para o que acontece lá fora.
Por falar em desastres naturais, chuvas... tenho um exemplo aqui no “quintal de casa”: Antes de o prefeito de Atibaia, Dr. Denig, acatar os pedidos de manifestantes à favor da manutenção da verba para as festas de Carnaval, em detrimento do apoio às vítimas da enchente (sim! É um absurdo, mas é verdade!), penso que ele deveria rever quais são as verdadeiras PRIORIDADES.
Então o carnaval seria mais importante? Deixar uma escola de samba sem a verba para desfilar é inaceitável, mas deixar uma família sem lar por que sua casa está tomada enchente é tolerável? Ah, sim. É a política do "pão e circo" que irá reinar por aqui? Não me conformo saber que pessoas sejam tão egoístas a ponto de pensar desta forma.
A justificativa da Prefeitura é de que o turismo na região já está abalado por conta das enchentes e que, sem as festas de Carnaval isto se agravaria, diminuindo as reservas na rede hoteleira. A solução? Vamos fazer festa! Faça chuva ou faça sol. Hmm... chuva. Mais chuva?
Por um acaso a situação das famílias desabrigadas vai melhorar por conta das horas de folia e marchinhas de carnaval na Praça da Matriz??
Bom, eu acho que não. Pelo menos esta é a minha opinião. E ainda continuo com aquela dúvida: Será que só a minha mãe me ensinou isso? Ou só eu que levei bronca na infância?
É... vou ter que contar pra minha mãe.
Então o carnaval seria mais importante? Deixar uma escola de samba sem a verba para desfilar é inaceitável, mas deixar uma família sem lar por que sua casa está tomada enchente é tolerável? Ah, sim. É a política do "pão e circo" que irá reinar por aqui? Não me conformo saber que pessoas sejam tão egoístas a ponto de pensar desta forma.
É... vou ter que contar pra minha mãe.
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